Surdos brasileiros utilizam como meio de comunicação a Língua de Sinais Brasileira – Libras. Essa língua possui uma Lei (10.436 de 24 de abril de 2002) que a reconhece como como forma de comunicação e expressão de comunidades de pessoas surdas do Brasil.
Ao comparamos o que rege a lei com a realidade midiática (meios televisivos), percebemos que os surdos usuários da língua brasileira de sinais têm sido tolhidos em seu direito de acesso à informação. Dificilmente encontraremos na TV aberta (ou fechada) noticiários jornalísticos, por exemplo, com acesso à informação por meio da Libras.
Refletir sobre a surdez e a língua de sinais numa perspectiva midiática, solicita de nós um olha mais apurado, um salto comunicacional que quebre as barreiras impostas quando encaramos a diferença como deficiência e apagamos a subjetividade do outro. Esse padrão estabelecido (que não considera a diferença), descreve como patológico tudo o que foge à regra do “normal”, portanto, único a ser aceito, e desta maneira, tudo o que se situa fora dessa esfera é intitulado como deficiente e não digno de acessibilidade comunicacional.
Quais discursos a mídia tem apresentado sobre a pessoa surda? Não encontramos uma comunicação em língua de sinais nas principais emissoras de televisão do Brasil. A língua de sinais não é utilizada para democratizar a informação e não promove o conhecimento sobre a cultura surda no país. As diversas áreas da sociedade (inclusive a mídia) vão construir uma ideia do que é ser surdo, sobre a língua de sinais, mas sem o real conhecimento linguístico e cultural. Adriana Thoma (2010) afirma que “assim como a mídia, também as religiões, os mitos e a ideologia cumprem a função de construir o imaginário de uma determinada sociedade em uma determinada época”.
Todos precisam emitir e compreender discursos e isso só é possível através da linguagem. É através dessa manifestação que a humanidade consegue se relacionar e inovar em suas próprias ideias. Para o surdo há a provocação em poder se comunicar em sua própria língua, considerando que o contexto majoritário e processos de desinformação, exige que o surdo se relacione e se emancipe através de uma língua que não pertence ao seu corpo.
Quando o Surdo não é visto na mídia como um protagonista de sua própria vida e história, ele é quase que automaticamente rotulado pela sociedade como o “outro” (THOMA, 2010), ou seja, como aquele diferente que precisa da benevolência da hegemonia. Esse pensamento sobre o Surdo e sua cultura não permite que a língua de sinais esteja presente na mídia televisiva por exemplo.
Dessa forma, é de fundamental importância que a voz do surdo seja melhor percebida pela sociedade e a língua de sinais seja democratizada, tanto para surdos como para ouvintes; em espaços educacionais , culturais e midiáticos (televisivos).